ENTREVISTADA
GABRIELA MUNIZ SOBRAL
“O ESTADO ERROU QUANDO OMITIU-SE”
A estudante de jornalismo, Gabriela Muniz Sobral, de 27 anos, critica a omissão dos governantes passados, que permitiram o crescimento desordenado da capital, e diz que “Brasília tinha tudo pra dar certo”
por Renilton Rodrigues de Souza
A estudante de jornalismo Gabriela Muniz Sobral está preocupada com o crescimento desordenado de Brasília, e diz que isso contribui para o aumento da criminalidade na capital. Já que nas invasões, famílias que ali moram não tem estrutura alguma para educar seus filhos, os jovens despreparados não conseguem emprego. Esse contexto social contribui para o ingresso destes jovens no mundo do crime, somados a desestrutura familiar e a falta de acesso à educação, tudo isso se transformaram em fatores mordazes para o baixo desenvolvimento humano.
Renilton Rodrigues – Você me contou certa vez que serviu a marinha brasileira, você pretende ainda exercer uma função militar?
Gabriela Muniz – Sim, apesar de estar decepcionada e não concordar com alguns fatos que vem acorrendo dentro da Secretaria de Segurança Pública de Brasília; eu aprecio e respeito à hierarquia dos militares.
Renilton Rodrigues – Você se sente orgulhosa por morar em Brasília?
Gabriela Muniz – Não sinto orgulho. Brasília tinha tudo pra dar certo, pra ser uma cidade exemplar.
Mas o descaso com o patrimônio público, a falta de cuidado, o crescimento desordenado desfigurou a capital Federal.
Renilton Rodrigues – Ontem na sala de aula; há encontrei um tanto revoltada. Então você me contou que havia sofrido um assalto em Taguatinga, no qual os bandidos levaram o carro de sua irmã, e você nervosa, até deu um soco no rosto do que estava armado. Você não teve medo de levar um tiro?
Gabriela Muniz – Olha Rei, eu te confesso que fiquei com medo, mas, maior ainda era meu nervosismo quando vi um deles levando minha irmã para trás do carro eu pensei que eles iriam colocar ela no porta-malas do carro, um deles disse “ vou levar ela” foi ai que eu gritei “ solta ela! Me levem mas deixem minha irmã em paz” ai eu perdi o bom senso e dei um soco no rosto do que estava armado, ai o tempo parou e eu fiquei esperando o tiro, mas Deus teve misericórdia de mim e eles entraram no carro e fugiram.
Eu fico pensando, a gente trabalha honestamente a vida inteira, e não tem mais direito a nada.
Sabe... Isso me toca profundamente.
Renilton Rodrigues – Vivemos em um país onde a violência tem invadido não só as ruas, mais também os lares brasileiros.O que o poder público pode fazer para aumentar a eficiência no combate ao crime?
Gabriela Muniz – Reestruturar a segurança Pública com a unificação das policias civil e militar, dando novas diretrizes trazendo a policia mais próxima da população, humanizando o espaço.
Enquanto isso não acontece os cidadãos ficam vulneráveis ao crime em todos os cantos do país.
Renilton Rodrigues – Onde o estado errou? E a população tem sua parcela de culpa?
Gabriela Muniz – O estado errou quando se omitiu permitindo que a cidade crescesse desordenadamente.
Não sou contra a imigração de pessoas dos outros estados. Todos somos brasileiros, mas o que não podemos permitir são essas invasões que crescem a cada dia.
Sou a favor que essas pessoas tenham um lugar digno para morar e emprego para sustentar suas famílias.
E o que vemos? Cidadãos mal educados que não sabem cuidar da cidade linda (ou pelo ao menos deveria ser) que moram. Posso dizer que a população tem uma grande parcela de culpa nesse caos, pois não sabem se respeitar e preservar o espaço em que vivem.
Renilton Rodrigues - O povo Brasileiro é alegre, mas não é um povo feliz. Você concorda com a afirmação?
Gabriela Muniz – Concordo plenamente. É aquela coisa “ vamos rir pra não chorar” o Brasil vive anestesiado por um eterno carnaval. O “FUNK” é uma necessidade pra anestesiar a dor nas favelas do Rio, o “FUNK” é fruto da dor.
Renilton Rodrigues - Gabriela por essência? Defina.
Gabriela Muniz – Sou uma menina forte, sou temente a Deus, sinto o amor de Deus me mover a cada dia, sou muito apegada a minha família o amor que sinto por eles esta acima do meu próprio. Fico muito triste às vezes, o egoísmo nas pessoas, a violência, esta difícil encontrar alguém em quem se confie de verdade, alguém que ame de verdade, pois as pessoas estão visando muita grana e vivendo na “lama da solidão” isso tudo me deixa triste. Gosto de esporte, quero me especializar em jornalismo e ser uma grande redatora, esse é meu sonho.
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